A Sede da Alma: Encontrando Deus na Aridez Espiritual

Há momentos em nossa jornada de fé em que a paisagem da alma parece se tornar um deserto.

Uma aridez espiritual nos assola: o desejo de orar parece esvair-se, a presença de Deus se torna imperceptível, as celebrações se arrastam em um tédio inquietante, e até mesmo as verdades mais fundamentais sobre Deus, Jesus e o Espírito Santo parecem pouco mais que ecos distantes de uma história infantil. É uma experiência universal, mas que pode nos deixar profundamente confusos e desanimados.

Neste tempo, é crucial entender que a maioria desses sentimentos e pensamentos são apenas isso: sentimentos e pensamentos. Eles não definem a realidade da presença de Deus, que habita além da nossa percepção emocional.

É uma grande graça experimentar a presença divina em nossos corações e mentes, mas quando essa experiência sensível nos falta, isso não significa que Deus está ausente. Pelo contrário, muitas vezes, significa que Ele está nos chamando para uma dimensão mais profunda de fé e fidelidade.

I. Reconhecendo a Natureza da Aridez: Sentimentos Não Definem a Presença de Deus

  1. A aridez espiritual pode nos levar a questionar a própria existência de Deus ou a validade de nossa fé. No entanto, o problema não está em Deus, mas na nossa percepção. Nossos sentimentos são voláteis, como o clima; a realidade de Deus é imutável, como o sol, mesmo que as nuvens o escondam.
  2. A Bíblia nos ensina sobre a fé que transcende o que é visível ou sentido. Em Hebreus 11:1, lemos: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” Nossas emoções podem nos trair, mas a verdade de Deus permanece firme.
  3. Portanto, quando a secura bater à porta de sua alma, lembre-se: Deus não se move de acordo com a sua flutuação emocional. Ele permanece fiel, e a Sua presença é uma verdade objetiva, não um sentimento subjetivo.

II. O Chamado à Maior Fidelidade: Abraçando a Disciplina Espiritual

  1. Quando a “secura” chega, nossa primeira tentação é parar, desistir das práticas espirituais que parecem não ter efeito. Contudo, é justamente o contrário que Deus nos chama a fazer. A aridez é, muitas vezes, um convite a uma fidelidade mais madura, não movida por euforia, mas por convicção.
  2. As Escrituras nos incentivam a perseverar nas provações. Em Tiago 1:2-4, somos desafiados: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria sempre que passarem por qualquer tipo de provação, pois vocês sabem que, quando sua fé é provada, a perseverança se desenvolve. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e completos, sem que lhes falte coisa alguma.”
  3. Nesses tempos de deserto, é fundamental nos apegarmos às disciplinas espirituais: leitura da Palavra, oração (ainda que “seca”), jejum, serviço e comunhão. Não porque sentimos vontade, mas porque sabemos que são meios de graça, ferramentas que forjam resiliência espiritual.

III. Cultivando Nova Intimidade: O Crescimento na Adversidade

  1. A perseverança na aridez não é em vão. Ela nos leva a uma intimidade com Deus de uma qualidade diferente, mais profunda e menos dependente de picos emocionais. É uma intimidade forjada na dependência, na busca por Ele quando nada mais faz sentido.
  2. O Salmista expressa essa sede em Salmos 63:1-2: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca e exausta, onde não há água. Quero ver-te no santuário e contemplar o teu poder e a tua glória.” Essa busca em meio à secura é o que gera um laço inquebrável.
  3. A intimidade construída no vale, onde a fé é pura confiança e não dependência de sentimentos, é mais robusta e duradoura. Ela nos ensina a amar a Deus por quem Ele é, e não apenas pelo que Ele nos faz sentir.

Conclusão:

A aridez espiritual é uma parte natural da jornada cristã, um convite disfarçado de deserto. Não é um sinal de que Deus o abandonou, mas um chamado para aprofundar sua fé. Permita que essa fase o fortaleça, o discipline e o leve a uma dependência mais autêntica de Deus.

Lembre-se: “É justamente em tempos de secura espiritual que devemos nos apegar a nossa disciplina espiritual para que possamos crescer em uma intimidade nova com Deus.” (Henri Nouwen)

Que essa intimidade, forjada na secura, seja a base para uma inabalável.

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